O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cartas entre Freud e Pfister (leitura recomendada)

É fascinante acompanhar o diálogo e a construção da amizade entre Freud e Pfister. Pouco a pouco trocam idéias, textos e, acima de tudo, compartilham vida. Visitam-se, presenteiam-se, fazem confidências e influenciam-se mutuamente. 
Ao mesmo tempo, parecem cão e gato. De um lado, um cura de almas mundano — Freud era judeu e ateu. De outro, um “cura de almas espiritual” — Pfister era pastor protestante —, que se refere a Freud como “o amado adversário”. O que havia de comum entre eles era, acima de tudo, a busca pela compreensão do homem. Essa busca resultou num fecundo diálogo sobre temas como o complexo relacionamento entre psicanálise e religião, a psicanálise como técnica a serviço da cura analítica de almas, os primórdios da análise laica, a análise de crianças e adolescentes e a análise de pessoas “não doentes no sentido clínico”.

Sinopse extraída do site da Editora Ultimato.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O perdão, essa via de mão dupla...

A grande questão inicial é: como falar a respeito do perdão sem que o discurso pareça mera demagogia ou hipocrisia? Sim, principalmente porque simplesmente emitir assertivas do tipo “perdoem uns aos outros”, “não guarde rancor” e “ame a seu irmão”, como vemos frequentemente em nosso meio, soa um tanto vazio e dissociado da realidade que bem conhecemos.
Claro, tais ordenanças estão registradas nas Escrituras para serem cumpridas ou, pelo menos, para que tentemos cumpri-las dentro dos limites de nossa capacidade. Mas a pergunta é: quem consegue fazê-lo na íntegra? É certo que grande quantidade de livros e lições bíblicas já foram escritas com a utilização do tema “perdão”. No entanto, a probabilidade de que os autores vivam exatamente aquilo que registraram em suas obras é ínfima. Ou seja, trata-se de mais um capítulo da série “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Um exemplo básico temos em certo líder, que por sinal é proprietário da editora responsável pela elaboração das revistas que utilizamos na escola bíblica dominical: em seu programa televisivo, transmitido em rede nacional, os sessenta minutos de duração são mormente utilizados na seguinte proporção aproximada [grosso modo]: quinze minutos utilizados na pregação, quinze minutos utilizados em propagandas, quinze minutos utilizados para a solicitação de ofertas e quinze minutos para o referido líder vociferar abertamente contra seus detratores.
Pessoas escrevem livros e textos teóricos sobre o perdão. Mas... E a prática?
Para compreendermos essa dificuldade em perdoar, falemos de maneira breve sobre os atributos de Deus. Sabemos que eles se dividem em incomunicáveis e comunicáveis.
Dentre os atributos incomunicáveis, comumente citamos a onipotência, a onipresença, a onisciência, a transcendência e a imanência. Esses pertencem exclusivamente a Ele, e não há possibilidade de que outro ser os possua, tampouco que Ele os divida com outrem.
Já dentre os atributos comunicáveis, isto é, aqueles que Deus graciosamente “reparte” conosco, podem ser contados, dentre outros: o amor, a bondade, a benignidade, a longanimidade e a misericórdia. Esse último em especial [alinhado com os demais], dizem respeito ao exercício do perdão.
Para aclarar a dificuldade em perdoar inerente ao ser humano, basta que observemos que tais atributos em Deus são absolutos, afinal “n’Ele não há mudança nem sombra de variação”. Já quanto aos homens, por melhores que eles sejam, seu amor é imperfeito, sua bondade é parcial, sua benignidade é opaca, sua longanimidade é estreita e seu perdão é seletivo.
Ou seja, nas incontáveis passagens bíblicas em que somos orientados a perdoar o próximo, obviamente o Mestre leva em conta o fato de que não conseguimos e não sabemos perdoar como Ele perdoa. Mas Ele bem sabe se temos ou não nos esforçado para tal.
Levemos em consideração as palavras contidas no “Pai nosso”: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” [Mateus 6:12].
Assim como”, isto é, “da mesma maneira que”. Impensadamente, muitos estão assinando sua condenação ao repetir a oração que nos foi ensinada pelo Senhor. Estão dizendo, por tabela: “Pai, não me perdoe porque eu não tenho perdoado meus ofensores, e muitas vezes sequer tenho tentado”.
O próprio Jesus explica mais adiante no mesmo capítulo do Evangelho segundo escreveu Mateus: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas”. [v. 14, 15]
Enquanto Deus, quando perdoa, lança nossos pecados “no mar do esquecimento”, nós quando perdoamos lançamos os pecados de que somos vítimas, no máximo, em uma bacia rasa. Tanto é que não hesitamos em retirá-los de lá na primeira oportunidade e lançá-los no rosto dos ofensores.
O perdão despedaça jugos, alivia os ombros, restaura relacionamentos
Sim, reitero a idéia de que perdoar não é tarefa fácil. Como alguém já disse, errar é humano, perdoar é divino. E como costumamos dizer, perdoar é para os fortes. Haja força. Só mesmo aquela que provém do Espírito de Deus. Porque, de nós mesmos, o máximo que conseguimos é suportar uns aos outros. Quando conseguimos.

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

[Síntese da aula ministrada na EBD da Assembleia de Deus Ministério de Santos - Jardim Gaivotas, Caraguatatuba/SP, em 11NOV12.]