O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

quinta-feira, 30 de junho de 2011

"Fé cristã e misticismo" - Matos, Lopes, Solano Portela, Campos (leitura recomendada)

Uma avaliação bíblica de tendências doutrinárias atuais.
- Uma perspectiva histórica.
Alderi Souza de Matos, Th.D.

- As manifestações sobrenaturais.
Francisco Solano Portela Neto, Th.M.

- Profecia ontem e hoje.
Heber Carlos de Campos, Th.D.

- A “Batalha Espiritual” em perspectiva.
Augustus Nicodemus Lopes, Th.D.

"O momento por que passa a igreja evangélica brasileira torna este livro extremamente necessário. Os autores fazem uma análise bíblico-teológica de algumas influências e tendências que estão afetando pessoas e instituições cristãs. O livro apresenta ampla discussão e profundidade de argumentos, de modo a enriquecer o leitor e ajudá-lo na aquisição de bagagem que o capacitará a melhor enfrentar as questões de sua época de modo coerente com a Palavra de Deus."
Guilhermino Cunha, Th. M, D.Min. (candid.)

"É para confrontar os bezerros de ouro destes dias que publicamos este livro. São idéias encampadas e defendidas muitas vezes por crentes cujo zelo não pretendemos discutir. Mas a Palavra de Deus, ao mesmo tempo que nos ensina a longaminidade, cobra-nos a verdade, porque o próprio Deus é a verdade. Por isso os autores empreenderam esta tarefa combinando a verdade com o amor."
Cláudio A. B. Marra, Editor

Sinopse extraída do site da Editora Cultura Cristã.
  
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Câmera escondida: Vigie! Você está sendo vigiado...

Hoje em dia, as câmeras de segurança estão presentes na grande maioria dos estabelecimentos comerciais. De pequenos pontos de comércio até as grandes redes de loja e hipermercados, lá estão os dispositivos, aparentes ou não, quase sempre acompanhados por avisos do tipo “estabelecimento comercial monitorado por câmeras de segurança”, ou com palavras mais informais, como por exemplo, “Sorria! Você está sendo filmado!”.
Indubitavelmente, a presença de tais dispositivos vem a inibir determinados atos ilícitos no interior dos recintos, mitigando assim o prejuízo dos empresários com pequenos (e também médios e grandes) furtos.
No entanto, por outro lado, muitos cidadãos de bem também se sentem desconfortáveis em saber que estão sendo observados, tendo seus passos monitorados por um desconhecido.
Mas tenha o homem ou não más intenções, ao sair da mira das câmeras, ao se livrar do olhar do desconhecido, ao cessar o monitoramento, todos se sentem à vontade para fazer aquilo que certamente não fariam se estivessem sendo filmados. Inclusive os cristãos.
Mas reflitamos nas palavras contidas no Salmo 139, 7-12: “Para onde me irei do teu  espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,  Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.”
Por vezes nos esquecemos que estamos sob o constante monitoramento do Todo-Poderoso. Afinal, “não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4.13). Grande parte de nosso tempo vivemos como se de fato os olhos d’Ele não estivessem sobre nós. Seja através de palavras, atitudes ou pensamentos, fazemos de conta que não tem ninguém nos vendo. Ou melhor, tentamos nos enganar, mas no fundo sabemos que um dia havemos de comparecer diante do Tribunal de Cristo (Romanos 14.10, II Coríntios 5.10). Justamente por isso o sentimento de pesar toma conta de nossas vidas após tais eventos. A tristeza diante das imperfeições é também um sinal que o Espírito Santo em nós habita (João 16.8). Bendita tristeza segundo Deus que em nós opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; diferente da tristeza do mundo, que opera a morte (II Coríntios 7.10).
Se por um lado, a certeza de que os olhos do Senhor estão sobre nós nos dá a segurança e o consolo de sabermos que Seu terno cuidado está constantemente a nosso favor (e graças a Deus por isso!), nos leva também a ter consciência de que se faz necessário redobrar a vigilância quanto àquilo que fazemos, dizemos ou pensamos. Sim, pois até mesmo os nossos pensamentos mais secretos são conhecidos do Onisciente (Salmo 139.2; Mateus 9.4; João 2.25, etc.). Aliás, nada é oculto aos Seus olhos.
Na caserna costuma-se dizer que “o preço da liberdade é eterna vigilância”. Convém aplicar essa premissa também à vida espiritual, pois Aquele que nos libertou está nos observando ininterruptamente. Portanto, vigie! Afinal, você está sendo vigiado. E não é por uma camerazinha qualquer, mas sim pelos olhos do Criador. Olhos que são como chamas de fogo (Apocalipse 1.14)! 
Que Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sábado, 18 de junho de 2011

Santo Antão e a empáfia espiritual

Conta-se que Antão do Egito (ou Antão do Deserto, ou Santo Antão, para os católicos) era filho de pais piedosos e ricos, tendo revelado desde a infância desejo de atingir a perfeição religiosa.
Com 20 anos de idade, perdeu os pais. Em certa ocasião, inspirado pelas palavras de Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me” (Mt 19.21), passou a viver como um asceta: retirou-se para o deserto e iniciou uma vida de oração e trabalho.
Recluso no deserto, o inimigo passou então a afligi-lo com incômodos espirituais e corporais diversos, os quais foram combatidos com oração e penitência.
Depois de incontáveis investidas sem sucesso, o inimigo retirou-se. Foi aí então que Antão, afirmou aliviado:
- Enfim, consegui resistir a todas as tentações!!! Doravante, posso me considerar um santo!
No entanto, não sabia ele que o adversário estava ainda próximo, a ponto de conseguir ouvi-lo. E ouvindo-o, sorriu e disse:
- Aháááááá! Enfim te peguei!!!

Moral da história: quando você, cheio de empáfia espiritual e autosuficiência começa a se achar muito santo, o inimigo está é rindo da sua cara.
Não se esqueça, amado:
- a santificação é um processo que se inicia no momento da justificação;
- na conversão, somos libertos da condenação do pecado; na santificação diária somos libertos do jugo e das consequências do pecado; e na glorificação, seremos enfim libertos da presença do pecado.
Nunca é demais lembrar:
“Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair”. (I Co 10.12) “Quando o Diabo acabou de tentar Jesus de todas as maneiras, foi embora por algum tempo”. (Lucas 4.13)
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo? Bom é que retenhas isso e também disso não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso”. (Eclesiastes 7.16-18)
Que o Senhor nos abençoe e nos livre de todo o mal...
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian
Postagem já publicada também no Genizah.

sábado, 4 de junho de 2011

Jekyll and Hyde, id e ego, carne e Espírito

No ano de 1886 foi publicado na Inglaterra o famoso livro "The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde", de Robert Louis Stevenson, que em português recebeu o título "O Médico e o Monstro". O enredo da obra em questão, que já foi amplamente explorada no cinema, no teatro e na literatura, se passa em Londres e narra a história do Dr. Jekyll, cidadão que se vê dividido entre duas personalidades, ambas consideradas por ele verdadeiras e dignas de crédito: de um lado um respeitado doutor, de conduta exemplar e acima de qualquer suspeita. Do outro, alguém interessado nos prazeres carnais ilícitos, pronto a dar vazão a seu lado cruel e hedonista. Face a tão grande impasse, o doutor busca na ciência uma solução para esse dualismo interior: cria uma poção através da qual consegue se metamorfosear, passando de uma personalidade para outra mediante a ingestão da substância. A partir de determinado momento, o cientista é subjugado por sua invenção e fica impossibilitado de controlá-la, passando a cometer suas atrocidades de maneira cada vez mais frequente...
De Dr. Jekyll e Mr. Hide todo mundo tem um pouco...
A observação da obra de Freud nos permite perceber no conto em questão uma história que envolve o princípio do prazer e o princípio da realidade que, segundo o pai da psicanálise, regem a vida do homem.
Dr. Jekyll, sob a opressão da vida civilizada, reprime seus impulsos inconscientes. Ao ingerir a poção, aquele bondoso e gentil homem vê tais impulsos virem à tona, ocasião em que se transforma num monstro egoísta, possuidor de impulsos sexuais e agressivos incontroláveis.
Como sabemos, para Freud na sua forma final, a mente possui três instâncias: o id, o ego e o superego. De maneira resumida ao máximo, podemos afirmar que:
  • O id é o depósito de nossas emoções e impulsos instintivos, sexuais e agressivos. É o inconsciente.
  • O superego é a nossa consciência.
  • Ao ego, cabe a árdua tarefa de mediar as relações entre id, superego e o mundo exterior. Ou, nas palavras do próprio Freud, "O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões."
Mas como disse acima, de Dr. Jekyll e Mr. Hide todo mundo tem um pouco...
Como a Bíblia Sagrada nos dá conta, há um constante conflito em nosso interior:
"Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer." (Gálatas 5.17)
Tal conflito é retratado de maneira ímpar pelo Apóstolo Paulo, em sua epístola aos Romanos:
"Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado." (Romanos 7.18-25)
A batalha interior é travada diariamente: Jekyll contra Hide. Espírito contra carne. Id contra ego. Ao se ingerir a poção chamada vontade própria, se dá vazão aos desejos da carne, deixando a vontade de Deus de lado.
Num porão obscuro chamado inconsciente ficam armazenados resquícios da velha natureza, anteriores ao novo nascimento. Tais resquícios por vezes querem adentrar na sala clara chamada consciente. Mas para tal, precisam passar pelo portal denominado subconsciente, que possui um guardião chamado Espírito Santo. Graças a Deus.
Que nosso Mr. Hyde interior, ou a natureza carnal, sucumba a cada dia. E que o Espírito sempre prevaleça em nossas vidas. Para isso, consagremos nosso ser ao Pai Eterno, num crescente contínuo.
Deus nos abençoe e nos ajude.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian