O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

domingo, 24 de outubro de 2010

Leitura recomendada: "Feridos em nome de Deus" (Marília de Camargo César)

Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas.
Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo momento com Deus.
Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho.
É esta relação doentia que a jornalista Marília Camargo desvenda em seu primeiro livro. Uma reportagem que avança pelos meandros da igreja evangélica brasileira liderada em boa medida por pessoas embevecidas pelo próprio poder de manipular e escravizar aqueles pelos quais Cristo morreu.
Ao lidar com feridas não cicatrizadas, em seu debut literário, Marília revela a urgência de um novo tipo de liderança, não autocrática, e de um novo membro, mais confiante em Deus e menos dependente do pastor local, a fim de que o espaço da igreja seja saudável, criativo e curador.
Feridos em nome de Deus é leitura obrigatória para quem anseia por um cristianismo saudável e libertador. Uma denúncia do falso evangelho pregado por falsos cristãos; um sopro dos bons ventos da graça de Deus, que definitivamente precisa triunfar entre nós.
Sinopse extraída do site da Editora Mundo Cristão

sábado, 16 de outubro de 2010

Dez diferentes estilos de sermão... O seu está aqui?

Nessa minha recente caminhada cristã, tenho observado os diferentes tipos de sermão que “batem cartão” em nossos púlpitos. É claro que, dada a criatividade dos pregadores, o assunto é vasto. Na presente postagem relaciono apenas dez dos estilos de pregação que podem ser observados em nosso meio:
Sermão “carapuça”: é aquele pregado quando o preletor tem uma diferença mal-resolvida com um dos presentes e, embora o templo esteja cheio, com centenas de pessoas ávidas por ouvir a exposição da Palavra, o sermão inteiro é utilizado para mandar recado àquele único desafeto.
Sermão “E daí?”: pregação em que são utilizadas técnicas de retórica, hermenêutica e homilética, com o pregador demonstrando todo o seu conhecimento histórico e teológico, porém sem contextualização, sem uma possibilidade de aplicação pessoal daquelas informações. Dessa maneira, as palavras passam por sobre a cabeça da audiência que, com aquela cara de interrogação, parece querer perguntar: “E daí? O que é que eu tenho a ver com isso?”  
Sermão “espada”: “esse é o tipo de discurso cortante, penetrante, profundo”, pensarão alguns. Antes fosse. Como é então? Comprido e chato.
Sermão antropocêntrico: o homem e seus “sonhos” são o assunto central. Vontade de Deus? Que nada! “Não desista dos seus sonhos”! Vida eterna? Esqueça! “Receba a bênção agooooooora!”. Exposição permeada por frases para “elevar a moral” da audiência, do tipo “você nasceu para vencer”, “há poder em suas palavras”, “a vitória é sua”, e por aí vai. Ok, sabemos que o cristão é mais que vencedor, que somos bem-aventurados, etc., etc., etc. O problema é que, nesse tipo de sermão Jesus raramente aparece. A ênfase recai no homem, como se de nós mesmos pudéssemos algo (1). Moral da história: igrejas abarrotadas de pessoas apegadas a um materialismo exacerbado, espiritualmente fraca e suscetível a quaisquer ventos de doutrina.
Sermão cristocêntrico: temos um exemplo básico em Atos 2.22-36. Começa com “Jesus Nazareno”, é recheado de citações ao Mestre, e termina com “Deus o fez Senhor e Cristo”. Ou seja, Jesus é o cerne. Ainda se ouve, mas esse tipo de sermão anda em falta...
Sermão “suco de quermesse”: profundo como uma bacia d’água. Substancioso como um envelope de “tang” diluído em uma piscina olímpica.
Sermão “bala perdida”: palavras disparadas aleatoriamente, sem conexão alguma com o texto base, e entrecortado por “Glória a Deus” e “Aleluia”, utilizados para preencher os vácuos. “Se acertar em alguém, amém”, pensa o pregador.
Sermão “feira-livre”: nesse, o preletor se mostra azedo como um limão e ao mesmo tempo amargo como um jiló. Inicia pendurando uma melancia no pescoço no afã de aparecer. Em seguida despeja um monte de abobrinhas na audiência, distribui bananas e descasca o abacaxi em cima dos opositores. Pega alguns irmãos e os utiliza como “laranjas”, citando suas vidas a título de ilustração. E chora as pitangas ao expor ao povo os pepinos que tem enfrentado. Resumo da ópera: tem tanto conteúdo quanto um pastel de vento.
Sermão “míssil teleguiado”: direcionado. Com endereço pré-estipulado. Também conhecido como Espírito Santo de ouvido. Explico: o pregador fica sabendo por intermédio de terceiros que um membro, um casal, ou uma família daquela congregação está passando por determinado problema. A partir daí, direciona a palavra, como se a tivesse recebido por revelação do Espírito Santo. Com pretensa autoridade, aproveita para sentar a pua!
Sermão “contos da carochinha”: durante essa ministração você ouve de tudo: historinhas, testemunhos, ilustrações mil, anedotas. Citações bíblicas e Palavra de Deus, que é bom, nada!

Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

(1) Em João 15.5, Jesus nos diz: “Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer” (g.m.).

sábado, 9 de outubro de 2010

Jesus ou Capitão Nascimento: quem foi o precursor do bordão "pede pra sair!"?

Dia 8 de outubro, ante grande expectativa do público e da crítica, enfim foi lançado nacionalmente o filme "Tropa de Elite 2", continuação da história do Capitão Nascimento, personagem vivido por Wagner Moura. 
Na película, também dirigida por José Padilha, ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlin de 2008, o ator retoma seu personagem mais marcante. Dez anos mais velho, cresce na carreira e passa a ser comandante geral do BOPE, e depois Sub Secretário de Inteligência. Em suas novas funções, Nascimento faz o BOPE crescer e coloca o tráfico de drogas de joelhos, sem perceber que ao fazê-lo, está ajudando aos seus verdadeiros inimigos: os policiais e os políticos corruptos, que submetem a segurança pública a interesses pessoais. Mas voltemos um pouco no tempo...
No ano de 2007, com o lançamento do longa-metragem "Tropa de Elite", o bordão "Pede pra sair!" ecoou pelo Brasil afora por meses.
A frase de efeito foi repetida à exaustão, assim como outras falas do protagonista: "tá com medinho?", "você não é caveira, você é moleque!", etc.
Quanto ao bordão "pede pra sair", é relativamente comum na caserna, não tanto com essas mesmas palavras, mas em expressões análogas, dentre as quais destaco: "ninguém falou que ia ser fácil...", "aloprou, pede baixa!", "ninguém foi à porta da sua casa implorar pra que você entrasse aqui!" (i.e., entrou porque quis, agora não reclame). 
Um dia desses, enquanto meditava na Palavra percebi que Jesus, no âmbito do cristianismo, foi o precursor de tal bordão. Isso está implícito na passagem narrada no Evangelho segundo escreveu João, capítulo 6.60-68:
"Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: “Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?”  Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: “Isso os escandaliza? Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes? O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem”. Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair. E prosseguiu: “É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai”. Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?"
Parafraseando as palavras do Mestre contidas no versículo 68: "Está ruim? Pede pra sair!"
Não é por acaso que a Bíblia compara a vida cristã  à carreira militar. Exige disciplina, perseverança, amor à causa.
E como ninguém é obrigado a seguir a carreira militar, Jesus não obriga ninguém a segui-lo. Não está aguentando? Pede pra sair. O SENHOR é claro: dotou-nos com a liberdade de escolha e não a viola. Afirma: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". Destaquei o "se". Acho lindo isso. Ele te dá a opção e respeita sua escolha. Não coage ninguém a amá-lo. Não engana ninguém, nunca prometeu que daria a seus seguidores um BMW, uma cobertura duplex, um organismo de aço, uma vida isenta de problemas. Pelo contrário, por intermédio de sua palavra nos diz: "no mundo tereis aflições."
Não siga Jesus em troca do que Ele pode te dar, na condição de Rei dos reis e Senhor dos senhores. Antes, siga-o por sua condição de Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ou seja, siga-o por aquilo que Ele é, e não por aquilo que Ele pode te dar.
Segui-lo em troca de meros bens materiais é barganha, das piores. É querer fazer negócio com Deus.
Seja humilde e diga a Ele o mesmo que Pedro: "Simão Pedro lhe respondeu: 'Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus'."
Mas, em todo caso, Ele não te obriga a ficar. Se não está aguentando, pede pra sair! Ou, nas palavras do SENHOR expressas a Gideão: "Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem {for} covarde e medroso, que volte e vá-se apressadamente (...)".
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian 

Imagem e informações extraídas do site oficial do filme.

domingo, 3 de outubro de 2010

O coração, essa máquina tão poderosa quanto enganosa...

O ser humano traz no interior de seu peito uma máquina poderosíssima, pela biologia denominada coração. Possui cerca de 12 cm de comprimento, 9 cm de largura e 6 cm de espessura, pesando aproximadamente 250 gr, medidas e peso estimado para o coração de uma pessoa adulta.
Essa pequena máquina possui três camadas: o endocárdio (seu revestimento interno), o miocárdio (porção muscular de sua parede) e o pericárdio (revestimento externo derivado das cavidades do celoma). O compartimento cardíoco de parede mais espessa e vigorosa é o ventrículo esquerdo, responsável pelo bombeamento do sangue através de toda a grande circulação.
Existem válvulas entre os compartimentos cardíacos, dentre eles os grandes vasos que a elas se ligam. Entre o átrio e o ventrículo direitos, se encontra a válvula tricúspide, a qual possui três folhetos membranosos. Quando da contração do átrio, ela se abre e permite que o sangue passe. Quando o ventrículo se contrai, ela se fecha e impede o refluxo de sangue para o interior do átrio.
Entre o átrio e o ventrículo esquerdos, situa-se a válvula mitral (ou bicúspide), com dois folhetos membranosos. Seu comportamento é similar ao da válvula tricúspide.
A contração do coração se chama sístole, e corresponde à fase de ejeção ou esvaziamento. O movimento  de relaxamento e enchimento de suas câmaras chama-se diástole.
Mecanismos extremamente precisos ajustam a frequência dos batimentos cardíacos, garantindo a chegada de oxigênio e nutrientes na medida necessária para todas as partes do corpo.
O coração de um adulto bate cerca de 72 vezes por minuto e bombeia cerca de 7200 litros de sangue por dia. É uma bomba tão potente que é capaz de jogar o sangue a uma distância de 120 metros (!). Sim, mas enquanto como órgão humano é poderoso, como sede dos sentimentos, isto é, figuradamente, é enganoso ao extremo. Não por acaso, a Palavra nos afirma que "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17.9). Nos informa ainda que "(...) do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" (Mateus 15.19), além de centenas de outras referências bíblicas que podem ratificar essa verdade.
Mas o mais interessante é que, apesar de saber que ele é enganoso, muita gente se deixa levar por ele. Toma decisões segundo os seus próprios sentimentos (i.e., segundo o próprio coração) e tenta justificar com a assertiva de que "Deus falou comigo". Dessa maneira se colocam como Deus, uma vez que seguem seus próprios desejos. Depois não adianta reclamar...
Prezado, deixe de querer seguir o seu coração. Ele é enganoso. Tome decisões pautadas nos ditames da Palavra, que é bem melhor.
Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian