O título do blog tem amplo significado. Tanto o autor como o presente espaço estão em constante construção.
(Afinal, somos seres inconclusos...). O blog vem sendo construído periodicamente - como todo blog - através da postagem de textos, comentários e divagações diversas (com seu perdão pela aliteração).

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Creio num Deus esquisito

Um dia desses cheguei à conclusão de que creio num Deus esquisito. Num Deus diferente daqueles que são chamados deuses. Sim, o Deus dos deuses, o Grande Eu Sou, é esquisito ao extremo. Esquisito na acepção estrita da palavra. Recorramos ao bom e velho dicionário Aurélio: nele, o verbete "esquisito" traz, dentre outras, as seguintes definições: invulgar, raro.
Apresento a seguir algumas das premissas que me fazem concluir que meu Deus é esquisito. Perceba se de fato Ele é ou não:
Sendo Deus Eterno, nasceu como homem num determinado momento da História.
Se despojou de Sua Glória.
Como homem, foi concebido sem que houvesse necessidade de relação sexual entre seus pais, caso único no Universo.
Nasceu de uma virgem.
Foi pobre, fraco, e de aparência não desejável, como assim o descreve o profeta messiânico Isaías.
Andou em más companhias (coletores de impostos corruptos, ladrões, prostitutas, etc.). Mas não só andou: os amou, como ainda os ama.
Sendo Rei dos reis e Senhor dos senhores, se fez servo. Se fez o menor de todos.
Sendo tudo e tendo tudo, se fez nada. Isto é, aniquilou-se a si mesmo.
Se humilhou e entregou-se à morte. Foi pendurado numa cruz, tendo grandes e grosseiros pregos (Sim, grosseiros. Há dois mil anos ainda não existia aço galvanizado) cravados em suas mãos e pés.
Suportou a dor até o fim, sem reclamar.
Quando nasceu, houve luz à meia-noite. Quando morreu, houve trevas ao meio-dia.
Foi sepultado, mas ao terceiro dia ressuscitou num corpo glorificado.
Creio em um Deus que não existe. Não porque Ele não exista de fato, como podem pensar alguns. Mas sim porque foi Ele quem trouxe todas as coisas à existência. Isto é, antes que tudo existisse, Ele Era. Não existe porque não foi necessário que alguém o trouxesse à existência. Ele simplesmente É, e todas as coisas foram criadas e subsistem n'Ele, por Ele e para Ele.
Resumindo, meu Deus não existe. A existência pura e simples não o define, mas o limita. Ele não existe: Ele É. Nunca veio a ser, mas sempre foi.
Mas a maior de todas as esquisitices do meu Deus: me aceitar e me amar como eu sou. Sinceramente, não consigo explicar tamanha esquisitice. Me faltam palavras...
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O pecado, a dor na consciência e a nossa nudez

No livro de Gênesis capítulo 3.14-24, encontramos as sentenças proferidas por Deus à criação devido à Queda do homem, e percebemos que, desde o princípio, a dor e o desconforto são prenúncios da morte.
Dentre as “dores” infligidas à humanidade em decorrência do pecado de nossos "pais", podemos elencar: a dor do sofrimento e o cansaço decorrente do trabalho pesado, a dor do parto, a dor das enfermidades, endemias, epidemias e pandemias que se alastram ceifando vidas, as catástrofes naturais ou ocasionadas pelo homem, dentre outras tantas.
Todavia, atentemos para o fato de que, de todas, a dor primeva foi a dor na consciência. Se não, vejamos:
Após a Queda, ouvindo a voz de Deus a o chamar, imediatamente Adão reconheceu sua falha. Tanto é que, questionado pelo Criador sobre seu paradeiro, respondeu:
“Ouvi tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi”.
Da mesma maneira eu e você nos sentimos quando falhamos. Nus. Ao ouvir o Pai Eterno a falar conosco, a nos repreender ternamente, sentimo-nos descobertos.
Sem roupa, sem chão e sem céu.
Quando assim nos sentimos, com a dor na consciência ocasionada pelo cometimento de uma falta, resta-nos reconhecer nossa fraqueza e confessá-la a Deus.
Cobrir nossa nudez com a misericórdia do Pai. Afinal, a Bíblia nos assegura que “o que encobre suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13).
Por intermédio da Primeira Epístola do Apóstolo João somos orientados quanto ao fato de que devemos com diligência evitar o pecado. Todavia, se pecarmos, temos um Advogado junto ao Pai: Jesus Cristo, o Justo. (I João 2.1)
E se Deus o tem corrigido e, até mesmo o açoitado, agradeça-o. Isso é sinal que você é filho dEle, pois o Pai corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. (Hebreus 12.5-8)
Que Deus abençoe sua vida.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sócrates cria no Deus Verdadeiro

Há alguns fatos que todos sabem acerca da vida do filósofo grego Sócrates, como por exemplo:
  • Ele viveu entre 470 e 399 a.C., aproximadamente.
  • Não deixou nada escrito: o que hoje conhecemos como sendo parte de sua obra, o conhecemos por intermédio principalmente dos diálogos de seu discípulo mais famoso, Platão.
  • Desenvolveu o processo pedagógico denominado maiêutica, uma obstetrícia do espírito que, por meio de perguntas e respostas, tinha por objetivo a parturição das ideias.
  • Cria na imortalidade da alma. 
  • Foi autor de célebres frases que fazem parte do inconsciente coletivo da humanidade, dentre elas "só sei que nada sei" e "conhece-te a ti mesmo".
O que nem todo mundo sabe é que, uma das causas de sua condenação foi o fato de que se negava a crer nos vários deuses do Olimpo,  refutand0 assim o politeísmo grego.
Dessa maneira, foi julgado e condenado a ingerir suco de cicuta (espécie de veneno) sob a acusação de ateísmo e de estar pervertendo os jovens atenienses com suas idéias subversivas. 
No entanto, Sócrates não era ateu: ele cria num deus que, conquanto não estivesse dentre a infinidade de deuses de sua época, era indescritível. Estava acima de todos os demais. Era o único verdadeiro, digno de admiração. Embora não soubesse quem era esse Deus verdadeiro, sabia que nenhum dos demais cridos na sua época o eram.
Nos vem à mente com essa informação o episódio narrado em Atos 17, onde Paulo se depara com um altar destinado ao Deus desconhecido. Aproveitando-se da oportunidade, o apóstolo dos gentios explica aos atenienses que aquele, que honravam não conhecendo, era o que ele anunciava:
Entendo que era nesse Deus que Sócrates cria. Mas não o conhecia. O filósofo cria no Grande Eu Sou. Só não sabia que, conforme as Escrituras que provavelmente também não conhecia, Aquele Deus estava prestes a se revelar em Sua Plenitude por intermédio de Jesus Cristo para trazer a salvação à humanidade.
"O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação (...)" (Atos 17.24-26).
Ou seja, foi um mártir cristão mesmo antes do nascimento de Cristo (!?!). E sem sequer saber quem Ele é.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

domingo, 11 de abril de 2010

CPM 22 gospel???


No meio "gospel" não raramente encontramos músicas com um caráter subjetivo, onde ficamos sem saber ao certo se a intenção do cantor/compositor era direcionar as palavras e declarações de amor a Deus ou à pessoa amada. Ao que tudo indica, existe a pretensão de se atingir o público alvo e, se possível, dada a dubiedade das declarações, alcançar a massa e vender um pouquinho a mais...
Nesse sentido, podem ser observadas no mercado secular uma infinidade de canções que poderiam facilmente se passar por gospel. Letras com conteúdo mais "gospel" que muita música "gospel". Peguemos como exemplo “Estranho no espelho”, do CPM 22 (1. esqueça o sentido original da letra; 2. em vermelho, minhas observações):
Quem você vê quando me olha/ Estou certo, não é o mesmo que eu
(Muitas vezes nos desvalorizamos, nos sentimos inferiores. No entanto, Deus nunca nos vê assim. Aos Seus olhos somos preciosos, a ponto de enviar Seu Único Filho para morrer pela humanidade,  com a finalidade de nos resgatar para Si.)
Às vezes penso em ir embora/ Às vezes não me vejo bem
(Por esse complexo de inferioridade, por não se ver bem, tomado pela angústia, o ser humano chega ao ponto de querer “ir embora”, por um fim à vida. E é o que muitos fazem, chegam a esse extremo.)
Não te conheço mais/ Um estranho no espelho
Vem me roubar a paz / Sempre que eu te vejo 
(“Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”, Rm 7.24. Confrontado com sua pecaminosidade, com sua fraqueza, com sua insuficiência, antes de se encontrar ‘no’ e ‘com’ o Criador, o homem tem a paz roubada por aquele que veio a “roubar, a matar e a destruir” – João 10.10. Só a reencontra ao encontrar o Príncipe da Paz.)
Refrão:
Louco pra fugir de mim sem saber/ Procurando um sentido que me faça entender
(o homem, em seu íntimo, busca desesperadamente fugir de si, escapar de sua condição de falho, faltoso, inconstante, fatores que o distanciam de Deus. No entanto, sozinho nunca conseguirá: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem”, Romanos 7.18. Estamos sempre à procura de um sentido, sabemos que a vida não se resume a estes poucos anos sobre a Terra. A Palavra nos diz que Deus “também pôs no coração deles {dos homens} a idéia da eternidade”, Eclesiastes 3.11.)  
Que eu nunca estou sozinho/ Mesmo sem poder te ver/Sei que estou sempre com você
(Sabemos que nunca estamos sozinhos; se depositamos nossa confiança em Deus, mesmo sem vê-lo podemos sentir Seu terno cuidado sobre nossa vida)

Quem você vê quando se olha/Estou certo, não é o mesmo que eu
Mas quero ir com você pra bem longe daqui/Ao menos só mais uma vez
(Maranata! Vem, Senhor Jesus... Minha alma anseia por Ti...)
Estou com medo mas escuto os teus conselhos
(Sentimos medo, sim. Da morte, da vida, do desconhecido, do hoje, do amanhã, de nós mesmos, do próximo, do Eterno... Acredito que somente {alguns} loucos não sintam.)
Tento encontrar a paz/Que há tempos eu não vejo
(É o que todos buscam desesperadamente. Como disse Agostinho, “Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto enquanto não repousar em Ti”.)
Quem pode me escutar/Estou desorientado e tão cansado
(Todos estávamos cansados e desorientados, até ouvirmos as doces palavras do Mestre: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” – Mateus 11.28-30)
Quem pode me ajudar/Se não for você, me responda por favor
(Quem pode ajudar o homem e livrá-lo da angústia, da opressão e do cansaço, se não Deus? No fim, reconhecemos que só Ele pode nos ajudar. Ufa! Graças a Deus por isso...)
Para ver o videoclip dessa música, clique aqui.
Yeah! Jesus rules!
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian


* Música "Estranho no Espelho", compositores: Wally/Badauí/Rodrigo Koala. Álbum Cidade Cinza. Arsenal/Universal Music, 2007.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Estou lendo, e recomendo! (3)

Um homem chamado Jesus Cristo - John Piper
Quem é Jesus de fato? É uma questão bastante debatida ao longo dos tempos. 
John Piper diz: “Jesus jamais será domesticado. Mas as pessoas ainda tentam domesticá-lo. Parece haver algo nesse homem que se adapta a cada pessoa. Então, nós escolhemos uma de suas características que seja capaz de mostrar que ele está do nosso lado. Todo mundo sabe que é muito bom ter a companhia de Jesus, mas não a companhia do Jesus original, não-domesticado, não-adaptado. 
Apenas o Jesus revisado que se encaixa em nossa religião, plataforma política ou estilo de vida”. O autor chama a atenção para o fato curioso de que quase ninguém fala mal de Jesus, inclusive dentre as pessoas que não o aceitam como seu Senhor e Deus. O mesmo fato ocorre quanto à cruz: “é bonito usá-la como jóia, mas ninguém deseja morrer numa cruz. As únicas cruzes que as pessoas desejam são as cruzes domesticadas”.
Mas será que podemos conhecer Jesus como ele realmente foi - e é? Como é possível conhecer uma pessoa que viveu na terra há dois mil anos e afirmou ter ressuscitado dos mortos com vida indestrutível? John Piper fala sobre um homem chamado Jesus Cristo na esperança de que todos vejam e experimentem a glória do Senhor.
Sinopse extraída do site da Editora Vida.
Soli Deo Gloria
Alesandro Cristian

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Kurt Cobain: ganhou o mundo, mas perdeu a alma...

No dia 08 de abril de 1994, isto é, há dezesseis anos atrás, a estrutura do showbusiness foi abalada por uma notícia estarrecedora: Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, havia sido encontrado morto em seu apartamento (em Seattle) por um eletricista, contratado para consertar o sistema de alarme da residência. Kurt estava com uma arma sobre o peito, apontando para o queixo. De acordo com os médicos responsáveis pela autópsia, o líder da banda mais influente da década de 1990 havia morrido (com um tiro na cabeça) a cerca de 48 horas da descoberta. 
Em 1991, com o lançamento de “Nevermind”, seu 2º álbum, o Nirvana tornou-se mundialmente conhecido. Desbancou do topo das paradas de sucesso algumas das “instituições” do pop, como Michael Jackson e Guns’n’Roses, fato inédito para uma banda recém saída do underground. A música “Smells like teen spirit” foi uma das mais executadas daquele ano, e seu estilo serviu de inspiração para a maioria, se não todas as bandas daquela década, inclusive aqui no Brasil.
À época, de repente todo mundo queria colocar guitarras distorcidas nas músicas e usar uma camisa xadrez de flanela amarrada à cintura. Desde então, até nas músicas infantis percebemos certo peso e distorção nas guitarras.
Músicas com estrutura do tipo “parte lenta, quase sussurrada + explosão no refrão” viraram febre, e passaram a fazer parte até do cancioneiro gospel, fato que pode ser observado em músicas de Cassiane e Elaine de Jesus, só pra citar alguns exemplos. Dessa última, aliás, quando a mocidade da igreja onde congrego utiliza playback de seus hinos, percebo que algumas das canções são puro rock’n’roll travestido de louvor (ou vice-versa).
O Nirvana foi, incontestavelmente, o responsável pela popularização do “rock de garagem”, o chamado rock alternativo, naquela ocasião denominado grunge. Até então o rock que dominava a grande mídia era a “farofa” do tipo Bon Jovi, Guns’n’Roses e similares.
Indubitavelmente, o estilo niilista do Nirvana era o reflexo do way of life de Kurt Cobain.
Calcula-se que, até hoje, Nevermind vendeu cerca de 35 milhões de cópias. Claro que Kurt, enquanto underground, desejava fazer sucesso. Se assim não o fosse, não teria assinado contrato com uma grande gravadora. O que provavelmente ele não queria era o pacote que acompanha o sucesso: fãs histéricos, falta de privacidade, pressão para continuar a compor canções bem-sucedidas, turnês intermináveis.
Dessa maneira, tudo isso aliado aos seus constantes problemas com drogas e com sua esposa, Courtney Love, levaram Cobain a cometer o suicídio provavelmente em 06 de abril de 1994, quando então tinha 27 anos (alguns questionam se a morte foi causada por suicídio ou homicídio - não vem ao caso).
Diante da história desse homem, impossível não se lembrar das palavras de Jesus registradas no Evangelho de Mateus, capítulo 16, versículo 26: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”.
Kurt ganhou o mundo inteiro. Chegou ao topo das paradas pop. Recebeu rios de dinheiro. Tornou-se mundialmente conhecido. Apareceu em todos os órgãos de imprensa.
Mas perdeu sua alma. Não estou com isso querendo dizer que ele foi para o inferno, ou para mandá-lo para lá. Só Deus pode fazê-lo. Não estou falando que é para lá que Kurt foi. Não temos a certeza de que ele de fato cometeu suicídio, tampouco o que se passou naquela mente em seus últimos instantes, e menos ainda quanto ao lugar em que ele passará a eternidade. Mas Deus sabe.
No entanto, chamo a atenção para o fato de que a palavra “alma” também pode significar “vida”, “ânimo”, “coragem”, “sentimentos”. Nesse sentido, sem dúvida ele perdeu sua alma. Sua vida. Seu ânimo. Sua coragem de prosseguir. Seus sentimentos. Tudo isso em decorrência de ter ganho o mundo.
Enfim, ganhou o mundo, mas perdeu a alma. Infelizmente.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian                                          

domingo, 4 de abril de 2010

Agostinho e a Transcendência Divina

"Por mais altos que forem os vôos do pensamento, Deus está ainda para além.
Se compreendeste, não é Deus.
Se pudeste compreender, compreendeste não Deus, mas apenas uma representação de Deus.
Se pudeste quase compreender, então foste enganado pela tua reflexão."


Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Malhe" o Judas que está dentro de você!


No chamado “Sábado de Aleluia”, ou seja, no sábado que antecede a Páscoa, ocorre em comunidades de todo o mundo a “Malhação de Judas”, tradição herdada dos colonizadores espanhóis e portugueses. Tal tradição consiste em “espancar” um boneco do tamanho natural de um homem, e por fim atear fogo. Esse ritual, por assim dizer, simboliza a morte de Judas Iscariotes. Humanamente falando, muitos consideram Judas o maior vilão da história.                                                                                                       Os Evangelhos nos demonstram seu caráter ambicioso em demasia, o qual culminou com a traição ao Mestre, em troca de trinta dinheiros (ou denários, moeda da época). Somente a título de curiosidade:
- Judas valorizou dez vezes mais uma libra (cerca de 330 gramas) de ungüento de nardo do que a vida do Mestre, visto que, no momento em que Maria, irmã de Lázaro, ungiu os pés de Jesus com o referido perfume disparou: “Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isso não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (João 12.5,6). Perceba: o perfume para ele valia trezentos dinheiros; Jesus, apenas trinta. 
- Trinta moedas era o valor correspondente ao preço de um escravo. Ou seja, Judas trocou sua libertação e a consequente salvação eterna pelo preço de um escravo.   
É claro que até mesmo essa traição fazia parte do plano divino para a salvação da humanidade (e.g., Sl 41.9; Zc 11.13; Lc 9.22; Jo 17.12; e outros), mas observemos apenas no âmbito material. 
Quantas vezes olhamos a vida desse homem e o condenamos por essa traição e pelo preço por ele cobrado?
Trazendo para os nossos dias, quantas vezes não julgamos as falhas de nossos irmãos, ao mesmo tempo em que cometemos deslizes muito maiores? Ou como Jesus disse, “... como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão” (Lc 6.42).  É sempre assim: não tardamos em apontar e condenar o erro alheio; no entanto, fazemos vista grossa para nossos próprios erros, julgando-nos “os perfeitos”.
Quantas vezes temos sido tão traidores quanto Judas (ou até mais)?. E o que é pior: somos “comprados” e levados a trair Jesus por um preço bem menor que as trinta moedas.
Não convém nem mesmo mencionar o preço pelo qual O traímos. Nem ficar elencando os tipos de pecados que cometemos. Pense consigo mesmo: em troca de quê você tem traído Jesus?
Hoje, ao invés de malhar um Judas de pano, malhe o Judas que está dentro de você. Que por tantas vezes reduz o Senhor a nada e o substitui por mera efemeridade.
Bem sabemos, até que o personagem bíblico ora em comento buscou arrependimento, mas conseguiu apenas um remorso. Não sinta remorso por cometer imperfeições, falhas ou faltas. Sinta arrependimento. O primeiro pode levar à morte (espiritualmente). Já o segundo, quando genuíno, leva ao perdão dos pecados e, por conseguinte, à salvação eterna (Lc 3.3.; At 2.38; At 3.19; At 5.31; 2 Co 7.10).
Que Deus nos abençoe e nos ajude.
Soli Deo Gloria
Alessandro Cristian